sábado, 10 de março de 2012

Jornalista inglês analisa o zagueiro Dedé

Wilson: Dedé é a nova sensação do Brasil?

Foto: Marcelo Sadio / Site Oficial do Vasco da Gama

O colunista do ESPNSTAR.com Jonathan Wilson diz porque Dede poderia, a prazo, ser a  próxima sensação do Brasil.

   Os torcedores do Vasco da Gama não tem nenhuma dúvida.  Depois que Dedé, o alto e elegante número três, deu uma cabeçada numa jogada de escanteio , dando ao clube a liderança no placar contra o Alianza Lima na terça-feira, a torcida cantava que ele “era o melhor zagueiro do Brasil”. Pode ser mesmo verdade, pelo menos entre os que jogam no país, mas com certeza ele não está no nível de Thiago Silva, apesar do seu erro contra o Arsenal pela Liga dos Campeões esta semana.

   Dedé é grande, imponente, confortável com a bola e tem personalidade suficiente, já que provavelmente é o símbolo desse Vasco, um feito notável para um zagueiro. A forma de Dedé tornou-se particularmente relevante na última semana com o amistoso entre Brasil e Bósnia-Herzegovina.

Foto: www.cbf.com.br

   Até agora, a pressão sobre o técnico do Brasil Mano Menezes tem sido relativamente contida, como ele tem dado tempo lentamente para reconstruir a equipe e voltar para uma visão mais romântica do jogo na preparação para a Copa do Mundo de 2014 que o Brasil vai ser naturalmente anfitrião. 

   Compreensivelmente, o debate em torno do país tem se centrado sobre se essa concepção ainda é possível na era moderna e sobre os jogadores que podem ser capazes de despertar essa visão nostálgica. Vale a pena insistir com Ronaldinho com 31 anos? Ganso vai ser capaz de reproduzir suas atuações no Santos contra defesas internacionais mais fortes? Como Hernanes pode ser melhor utilizado?
   
   Com mais de dois anos antes do torneio, é lógico o suficiente. Faz sentido obter a estrutura básica e só então se preocupar com os detalhes precisos dos jogadores. Mas, mais cedo ou mais tarde, duas questões essenciais terão que ser resolvidas, que não têm nada a ver com a mudança ideológica longe do estilo pragmático de Dunga. Uma delas diz respeito ao goleiro, Julio Cesar, indiscutivelmente o melhor do mundo há três anos, parece cada vez mais frágil e propenso a erros (como demonstrado pelo gol sofrido contra a Bósnia, em que ele mergulhou muito cedo permitindo que o chute de Vedad Ibisevic fosse por cima dele).
   


   O outro diz respeito a outro homem culpado pelo gol de Ibisevic: David Luiz. Ele recuou e recuou, embora tão determinado a não fazer nada precipitado, ele ficou incapaz de fazer qualquer coisa. Que não apenas permitiu Ibisevic tempo e espaço para chutar, mas também encobriu a visão de Julio Cesar. Se isso tivesse sido um caso isolado, não seria muito de se preocupar, mas David Luiz esteve mal a partida inteira. Toda vez que a Bósnia tinha a posse da bola, levava perigo, apesar da presença de Thiago Silva na linha de quatro da defesa do Brasil, considerado o melhor zagueiro do mundo no momento.

   David Luiz foi mal exposto no Chelsea. No Benfica, a sua vontade de trazer a bola para fora da defesa e sua habilidade de passes longos compensaram sua anarquia posicional; o Benfica é uma equipe que joga apenas quatro jogos difíceis no campeonato por temporada. Inicialmente no futebol Inglês seus gols e sua clara qualidade técnica ganharam admiração e foi assumido que ele se tornaria mais disciplinado como um defensor. Isso não aconteceu e como as equipes começaram a isolá-lo como um elo fraco, seus atributos defensivos parecem mesmo ter diminuído.

   Então, se não David Luiz, o Brasil se volta pra quem? Lúcio, o suporte de sua zaga por tanto tempo, tem 33 anos e tem ficado cada vez mais lento. Juan, que era parceiro regular de Lúcio na última Copa do Mundo, tem apenas nove meses a menos. Que, realisticamente, deixa Dedé como o próximo na linha.

Foto: Ivo Gonzalez / O Globo

   Nascido em 1988 em Volta Redonda, uma cidade no estado do Rio de Janeiro, ele impressionou pelo clube de sua cidade natal no Campeonato Carioca de 2009, e transferindo por empréstimo ao Vasco da Gama, que estava então na Série B. Ele teve um pequeno papel naquele ano e ainda era essencialmente visto como reserva quando as contusões de outros jogadores o fizeram ser chamado para um jogo da Copa do Brasil, nas quartas de final contra o Vitória. Ele foi excepcional nesse jogo, que levou o seu empréstimo, previsto para expirar em um mês a ser estendido para o final de 2010.

   Ele tornou-se regular no time do Vasco nessa temporada, sendo nomeado o melhor zagueiro pelo lado direito do Brasileiro, e, em outubro de 2010, o clube exerceu seu direito de compra, assinando com Dedé até 2014. No ano seguinte, sua parceria com Anderson Martins foi a principal razão para o Vasco ter ganhado a Copa do Brasil. Anderson se transferiu para o El Jaish-Qatar ano passado e seu substituto, Rodolfo, não parece ter o mesmo talento.

   Foi o seu erro, errando uma bola pelo alto, que permitiu Charquero dar ao Alianza Lima uma vantagem totalmente inesperada contra o Vasco, na Copa Libertadores na terça-feira. A torcida, de caráter imperdoável, vaiou o seu toque seguinte na bola, até Rodolfo ser substituído no intervalo do jogo. Aquilo talvez tenha apagado a culpa de Dedé no gol sofrido.

Foto: Marcelo Sadio / Site Oficial do Vasco da Gama

   Não foi em nenhum sentido seu erro, mas o fato de que ele estava longe de seu parceiro de defesa fez levantar uma ligeira preocupação. Ele não deveria ter estado lá, se antecipando, esperando, se não pela falha na cabeçada de Rodolfo, pelo menos, à espera de um choque entre os dois? Vasco empatou quase imediatamente, mas cerca de dez minutos depois, foi possível notar que ele foi novamente visto no ataque, “sugado” pela bola e tão fora de posição que quase o 1-2 da equipe peruana deixou Jorge Bazan, o extremo do Alianza, livre.

   Dado que, quatro minutos antes do intervalo, Dedé estava na área do Alianza, marcando o "1-2" do time peruano e vendo o seu passe ruim para Alecsandro cortado, seria absurdo criticar Dedé por suas idas ao ataque. É claramente parte do jogo do Vasco, e contra um oponente fraco, como o Alianza, é uma valiosa forma de adicionar um homem ao meio-campo, criando um novo ângulo de ataque. Mas então, é claro, que uma vez disse o mesmo sobre David Luiz, deve ser uma preocupação para o Vasco, que só ganhou o jogo que dominou totalmente por 3 a 2.

   Dedé é uma bela promessa, não há dúvida, e certamente merece uma vaga na seleção. Ele não é, no entanto, um jogador pronto.

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